O Carmelo surgiu em época de renovação da Igreja Média, mais pura dimensão evangélica de vida religiosa. As Cruzadas e a conquista de Jerusalém, em 1099, abrem a rota das grandes comunicações entre a Europa e o Oriente. Estamos no fim do século XII. A humanidade vive a experiência de grandes alterações sociais e espirituais. Igreja e mosteiros são reedificados. Príncipes e fiéis fazem doações financeiras generosas. Homens e mulheres, inflamados pelo amor ao serviço divino, procuram novos rumos de vida. Atrídos pela fama dos Lugares Santos, afluem à Palestina, sob influência européia, peregrinos das mais diversas partes do mundo. Uns vão para o deserto, outros para as colina, todos imbuídos do mesmo espírito de penitência e oração. A vida comtemplantiva e eremítica é escolhida, com singular empenho. Assim, também, chegaram ao Monte Carmelo, por volta do ano 1190, os que desejam seguir o exemplo do homem santo e solitário que foi o profeta Elias.
Sabe-se que os primeiros ocidentais a se estabelecerem, como eremitas, no Monte Carmelo, tinham participado das Cruzadas. Eram nobres ou plebeus, cavaleiros ou soldados, todos leigos que haviam escolhido uma vida de “penitudes” ou “conversos”. Uns se localizam próximo à gruta de Elias, outros perto da fonte de Elias. Todos vivendo em cavernas, separados uns dos outros. Manuscrito da época referem-se a esses “monges latinos”, também chamados Irmãos do Carmelo, os quais se estabeleceram perto de uma capela de Nossa Senhora, não longe da Abadia de Santa Margarida na vertente do mesmo Monte Carmelo. Mais tarde, serão esses monges chamados de Irmãos da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Os Carmelitas, que viviam no Monte Carmelo, pediram a Santo Alberto para fazer uma Regra, de acordo com o modo de vida que estavam levando. A Regra primitiva foi dada a eremitas, razão por que tem espírito eremítico. Pode-se dizer que ela se constitui numa perfeita codificação do tipo de vida que os Irmãos Carmelitas já levavam no Monte Carmelo: solidão, oração, obediência, castidade, jejum e abstinencia de carnes.
Expansão e Reforma
Durante três séculos, a Ordem se expande com a fundação de grande número de mosteiros do ramo masculino e do ramo femilino. Em 1562, Santa Teresa funda um mosteiro em Ávilia (Espanha), segundo seu pensamento de fazer aí florecer um ideal carmelitano mais autêntico, pela volta ao exercício da contemplação.
Em 1568, graças à cooperação entre Teresa e João da Cruz, é fundado o primeiro convento dos Descalços. Em 1593, fica contituida a divisão dos Carmelitas em Calçados, ou da Antiga Observância, e em Descalços ou Teresianos. Essa separação, que não impediu uma salutar renovação da própria espiritualidade, estende-se até os dias de hoje. Cada ramo com um Superior diferente. A obra de Santa Teresa E DE São João da Cruz , no campo da espiritualidade carmelitana, encontrou uma correspondência no movimento chamado “da mais estrita observância”. Esta renovou o espírito contemplativo na Ordem, pela prática da meditação diária, do silêncio e da mortificação, restaurando-se, assim, a perfeição da vida comunitária.
O Carmelo Descalço
A partir do coração de Santa Teresa, que tinha por vocação alargar-se para abraçar o mundo e envolvê-lo no amor do Senhor, forma uma grande família ao redor do mundo. Aos frades, monjas e leigos carmelitas, mais de 70 Congregações Religiosas e Institutos de Vida Consagrada inspiram-se no Carmelo
Além deles não podemos nos esquecer dos sacerdotes, bispos, religiosos e religiosas que pertencem a outras famílias mas que veem no Carmelo um caminho de santidade, estudam e difundem a espiritualidade dos nossos místicos.
A este grupo unem-se todas as pessoas que reconhecem a profundidade do patrimônio do Carmelo e se alimentam de alguma forma de suas fontes. São leigos, às vezes, pensadores, artistas que sentem-se atraídos por nossa espiritualidade porque veem nela uma expressão de algo universal da alma humana, afinal no Carmelo vive-se a espiritualidade do essencial.
A FAMÍLIA CARMELITANO- TERESINA OU DESCALÇA É GRANDE, VIVA E RADIOSA. Com nossos irmãos carmelitas da Antiga Observância, de cujo tronco nascemos, o Carmelo torna-se uma imensa família.
Carmelo Santa Teresinha do Menino Jesus de Campinas
Foi fundado há 84 anos, no dia 24 de setembro, dia de Nossa Senhora das Mêrces no ano de 1926. Três Monjas do Mosteiro de Santa Teresa do Rio de Janeiro fundaram aqui em Campinas, o 7º Carmelo do Brasil. Empenharam-se pessoas da cidade e o então Bispo Dom Francisco de Campos Barreto. O Bispo voltou-se para Santa Teresinha do Menino Jesus, canonizada em 1925, prometendo que o mosteiro a ser fundado teria o seu nome. Entregou-lhe causa e fez a seguinte oração: “ Vou empregar todos os meios para fundar um Carmlo em minha diocese, sei que vou tentar uma empresa difícil, ele será vosso, Fundai-o se for para a glória de Deus, pois caso contrário, prefiro desistir.” Foi atendido.
Logo no princípio as Irmãs fundadoras puderam levar vida regular e Dom Barreto comçou a tratar da construção do novo mosteiro, pois a comunidade crescia em número. As doações das famílias das Irmãs, somando com as de pessoas da cidade e da diocese, ficou pronto e estabelecido na Rua Uruguaiana nº 644. A mudança para o atual convento em Barão Geraldo, ocorreu em 1985, que se fez necessária devido aos grandes inconvenientes do local e da construção do anterior, visando assim um local mais silencioso e retirando, portanto mais adequado à vida contemplativa.
Missão das Carmelitas Descalças
A Ordem tem a Virgem Maria como Mãe e Padroeira, o modelo e ideal de consagração.Esta família religiosa, fruto da vida espiritual e do carisma da Santa Teresa de Jesus presta o serviço “puramente contemplando que consiste na oração e na imolação com a Igreja e para a Igreja”.
Ordem dos Carmelitas Seculares
Os Carmelitas Seculares, junto com os Frades e as Monjas, são filhos e filhas da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de Santa Teresa de Jesus. Por tanto, compartilham com os religiosos o mesmo carisma, vivendo-o cada um segundo seu próprio estado de vida. É uma só família, com os mesmos bens espirituais, a mesma vocação à santidade e a mesma missão apostólica. Os Seculares trazem à Ordem a riqueza própria de sua secularidade. A pertença à Ordem remonta suas origens na relação que se estabeleceu entre os leigos e os membros das Ordens religiosas nascidas na Idade Média. Gradualmente essas relações obtiveram um caráter oficial para uma participação no carisma e na espiritualidade do Istituto religioso formando parte do mesmo.
As Comunidades dos Carmelitas descalços seculares procuram realizar um trabalho sócio-religioso ao serviço dos mais pobres e necessitados.
O Carmelita descalço secular é aquele que, como Elias, “revoltado com as novas idolatrias”, destrói os ídolos e toma o caminho do deserto até chegar à montanha de Deus, o Horeb, para buscar ao Senhos.
Mari Elza Gomes Narciso
